Principal conferência global de mudanças climáticas inicia em 30 de novembro em Dubai
A 28ª Conferência das Partes (COP 28), o maior evento global sobre mudanças climáticas, começa em 30 de novembro e segue até 12 de dezembro de 2023 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A estimativa é que esta edição destaque temas como o avanço no cumprimento das metas do Acordo de Paris e a transição energética. «Apesar de focar no clima, as pautas de comércio também aparecem em todas essas discussões, mas de forma transversal, que muitas vezes não é percebida na visão geral», aponta o internacionalista paraense Victor Brandão, que atua como analista de exportação no mercado de açaí do estado.
«Quando falamos de Amazônia, essas temáticas de comércio e ambiente se cruzam o tempo todo. Estamos em um momento em que, quando se pensa em alavancar a economia na região, não tem como ignorar os efeitos climáticos e o respeito socioambiental», diz Brandão. Segundo ele, conferências como a COP servem como espaço de visibilidade para o bioma e os impactos que podem ser pensados para toda a cadeia dos produtos da bioeconomia, por exemplo.
«Estamos observando um momento em que as atenções do globo estão muito voltadas à Amazônia e em que acordos comerciais e regulamentações cobram grande responsabilidade socioambiental dos produtos que saem daqui. Quando estamos inseridos nessas conferências, podemos falar, em primeira mão, de quais são as dificuldades que enfrentamos, como é a vivência no dia a dia da região, para discutirmos juntos como melhorar esse cenário», acredita o internacionalista.
A transição energética, por exemplo, reflete na dinâmica econômica local. «Temos uma região com muitas riquezas e que pode ser decisiva para o mundo alcançar suas metas sobre clima. Mas faltam incentivos e investimentos para promover essa mudança na base econômica amazônica. Se queremos que a bioeconomia atinja seu potencial, a COP e eventos semelhantes devem ser a oportunidade de pensarmos em soluções para que a transformação aconteça ao mesmo tempo em que se respeite os direitos humanos, se combata o trabalho escravo e a exploração de crianças e adolescentes», acrescenta.
Para ele, é necessário que o mundo conheça a Amazônia na prática e não apenas em teoria. «Quem está fora da região, precisa compreender que desafios vividos pela população, como falta de infraestrutura e logística, são fatores que dificultam a transição para uma economia de baixo carbono. Se não temos hidrovias, ferrovias e rodovias adequadas, é mais difícil fazer com que os produtos da bioeconomia amazônica acessem o comércio exterior com competitividade. Com a falta de um transporte coletivo de qualidade, tem impactos na sustentabilidade da cadeia de valor daquele produto. Está tudo interligado», ressalta.
Por fim, Brandão também enxerga com otimismo a realização de uma COP em Belém, Pará, notícia que se espera que seja confirmada durante a conferência deste ano. Essa seria a primeira Conferência das Partes sobre o clima no Brasil e na Amazônia e, de acordo com o internacionalista, é uma chance de abrir as portas para discutir essas temáticas ao mesmo tempo em que se conhece de perto a realidade de quem ali vive.
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