Manejo florestal sustentável como caminho para preservação e bioeconomia na Amazônia


Erica Marques em 05/09/2023
Amazônia
Ambiente

Prática desenvolve papel relevante na geração de renda local e transição climática.

Hoje, dia 05 de setembro, comemora-se o Dia da Amazônia. O bioma abriga uma rica biodiversidade, além de desempenhar um papel fundamental na regulação do clima global. Contudo, no Brasil a região sofre uma crescente pressão diante de ameaças a sua existência, como o desmatamento ilegal. Diante dos danos sucessivos ao meio ambiente, o Manejo Florestal Sustentável é entendido por diferentes segmentos da sociedade civil como uma das abordagens mais próximas de equilibrar a conservação da floresta com a utilização de seus recursos de modo correto. O mecanismo desenvolve um papel importante na bioeconomia brasileira, pois envolve técnicas capazes de agregar oportunidades de emprego, movimentação da economia local e manutenção da floresta, uma realidade presente em muitos setores do Brasil, especialmente na Amazônia.

O Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão pertencente ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), apresentou em dezembro de 2022, por meio do Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF), um boletim com o panorama dos dados mais recentes sobre as florestas brasileiras. No documento, cerca de 16 unidades localizadas em 5 florestas nacionais realizam o manejo sustentável sob regime de concessão florestal federal, vigente nos estados de Rondônia e Pará. Esse procedimento é responsável por 1,5% do registro de empregos formais no país (48.728.871 vínculos).

A prática do manejo, apesar de apresentar dados positivos, ainda enfrenta barreiras para ser aplicada na região amazônica, conforme explica Garo Batmanian, Diretor-Geral do SFB. “Para aplicar o manejo florestal sustentável é preciso garantir que os lugares certos recebam o tratamento correto. Para isso, é necessário parcerias públicas-privadas e um programa preciso de monitoramento que chegue até as comunidades locais. Só que para alcançá-las é necessário aumentar a relação ambiente e bioeconomia. É vital agregar valor aos bens naturais que possuímos, pensando não apenas na venda matéria-prima, mas também no seu processamento e produtos em cadeia. Nós temos dois terços da Amazônia e não a desenvolvemos corretamente. Enquanto isso, outros países estão executando com acerto”, frisou durante sua participação na Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, realizada entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro.

“É vital agregar valor aos bens naturais que possuímos”, diz Garo Batmanian. Créditos: FAO/Roberto Cenciarelli

O Diretor da SFB também citou que o manejo é importante para a transição climática. Segundo Batmanian, com o procedimento é possível diminuir o desmatamento, fazer a restauração produtiva que remove o CO2 da atmosfera, além de dar uso à vocação da região amazônica que é ter árvores que possam, em algumas áreas, gerar emprego e renda para economia local. Um passo que deve ser responsabilidade tanto do Governo Federal quanto do Estadual.

No estado do Pará, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), órgão responsável por cuidar de 27 Unidades de Conservação (UCs) Estaduais, possui o manejo sustentável dos recursos naturais como um dos mecanismos para fortalecer a bioeconomia na região e valorizar os conhecimentos tradicionais.

De acordo com o Ideflor-Bio, a prática do manejo no Estado é fundamental para a conservação da floresta, executada por meio da concessão florestal e da criação das UCs. Segundo o Instituto, atualmente, 11 UCs Estaduais possuem categoria de Proteção Integral com 5.533.759,54 hectares ou 4,44% do território paraense que contam com a prática sustentável para manter e recuperar áreas alteradas. Com esse trabalho efetuado pelo órgão, é plausível uma maior valorização dos povos tradicionais nesse processo de conservação, permitindo a recolhida dos recursos naturais, sem comprometer seus ecossistemas.