Como o cacau pode voltar a ser protagonista na bioeconomia nacional


Um Só Planeta/Globo, Gustavo Nascimento in 07/06/2023
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Muito tem se falado sobre como o cultivo sustentável de cacau pode ser um grande amigo da floresta. De fato, ele pode ser utilizado para a recuperação de áreas degradadas, captura de carbono e melhorar a fonte de renda de agricultores. Mas, para isso, é preciso entender como a fruta que já foi uma das principais produzidas no país caiu em declínio nas últimas décadas e o que fazer para a história não se repetir.

Em 1983, o Brasil era o segundo maior produtor de cacau do mundo, já que a Costa do Marfim ocupava o primeiro lugar neste ranking. Naquela época, detínhamos 25% da produção mundial, com aproximadamente 80% das nossas amêndoas sendo do tipo superior e a maioria destinada à exportação. Contudo, de lá para cá a situação mudou drasticamente. O Brasil caiu para a sétima posição no ranking de produção e, hoje, respondemos por apenas 5% da oferta mundial de cacau, com exportações inferiores às do Haiti.

Na Amazônia, o quadro segue desolador: estimativas mais otimistas da produção de cacau são menores do que a produção do Peru e as exportações estão abaixo da pequena ilha de Granada. A maioria do cacau produzido no Brasil tem baixa qualidade e praticamente toda a produção é consumida no mercado doméstico. Ainda assim, o que é produzido em solo nacional é insuficiente para abastecer a indústria moageira que opera no país. Por isso, desde 1997, grandes empresas do setor importam uma média de 50 mil toneladas de cacau por ano da Indonésia, da Costa do Marfim e de Gana para então reexportar os produtos já processados.


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